sexta-feira, 22 de julho de 2011

Remembering Sunday


Foi estranho, te rever depois de tanto tempo, apesar da estranheza sutil do momento, pareceu certo, estar com você me pareceu natural, meio nostálgico até. Acontece que é errado, o que eu senti por ti tanto tempo atrás foi errado, foi sumindo com a tua ausência, rever você trouxe a tona esse sentimento errado e incomodo que a muito eu não sentia. Minha mente abrigou-te de tal maneira que eu duvido que um dia você tenha saído dela. Meu coração, dilacerado por outros amores, te acolheu e quase sorriu, devo dizer que meu coração há muito não sabe o que é paz, andava aos prantos, até o nosso reencontro.
Me espanto como um amor proibido se apresenta muito mais prazeroso do que realmente é. Mas o que mais me intriga nesse meu sentimento por ti é a duvida, não, não duvido do que sinto, a duvida aqui presente é saber se eu posso ou não estar contigo, não sei se aceitariam nossa cumplicidade. Meus sentimentos pela primeira vez, não machucariam somente a mim, os mais próximos a nós talvez se arranhassem com a nossa união. Não sei se o sentimento que sempre julguei errado é realmente errado, e se é errado, porque estar ao seu lado parece tão certo?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Heard your voice through a photograph


O quarto estava completamente revirado, cheiro de uísque preenchia o ambiente, uma garrafa de Dimple quebrada no chão, estava tudo destruído, televisão, computador, tudo. Um corpo inerte descansava do outro lado do cômodo. Tiago acordou, levantou com alguma dificuldade, com cuidado para não pisar nos cacos de vidro espalhados pelo chão, ele atravessou o quarto, passou pela sala e saiu do apartamento. Entrou no seu carro, viu a foto de sua namorada, Eliana, no porta-luvas, chorou. Depois de algum tempo conseguiu se controlar, ligou o carro, foi dirigindo devagar da 307 sul até o mercado de flores ao lado do cemitério, comprou o mais lindo boque de tulipas vermelhas e caminhou de cabeça baixa até o cemitério Eli repousava pálida e distante, rodeada de flores brancas, Tiago colocou a boque de tulipas perto de seu rosto e logo ao lado um caixinha de veludo preto, ele pediria sua mão naquela noite, lhe deu um beijo na testa e saiu.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Bad Obsession


Eu ainda sentia o gosto de sangue na boca, as últimas lágrimas escorriam solitárias e lentas pelo meu rosto. Escorreguei pela parede e me sentei no chão do quarto de hotel. Ofegante. Na minha frente repousava sereno, o cadáver de meu marido.
Não, eu não o matei. Contarei-te agora o que acontecera nesse quarto de hotel alguns minutos a trás.
Hoje, dia 17 de agosto, meu aniversário de casamento. Pedro, meu marido, me trouxe flores, tulipas vermelhas, elas simbolizam amor eterno, também são minhas favoritas. Junto às flores, eu encontrei um cartão, um convite para jantar em um hotel. À noite fomos ao restaurante do hotel jantar, uma noite normal, até que um homem entrou no restaurante, ele atirava para todos os lados, vi muito bem quando uma bala atravessou o peito de uma senhora na mesa ao lado da minha. O assassino pegou Pedro pelo braço e o levou embora enquanto gritava palavrões a ele. Senti um dor forte na minha nuca, apaguei. Acordei no maldito quarto de hotel, com muita dor de cabeça e na minha nuca, amarrada à cama e nua. Pedro estava em uma cadeira ao meu lado, estava amarrado e coberto de sangue, seu sangue. Ainda estava vivo, porém, mal conseguia se mexer, seu rosto foi desfigurado. Consegui notar um breve brilho em seus olhos quando viu que eu estava acordada. Estávamos sozinhos, com muito esforço consegui desprender uma de minhas mãos da cama, em algum tempo estava livre, desamarrei Pedro e coloquei minhas roupas. Escapar daquele pesadelo estava fácil de mais, até que o assassino entrou no quarto. Antes que eu pudesse ter qualquer reação levei um soco na boca e desmaiei. Acordei no chão, do mesmo jeito que cai, porém sem roupas novamente, meu vestido, rasgado, minha calcinha ao meu lado. Sangrava, ardia. Minhas pernas não me sustentavam direito, após algum tempo, me levantei, silencio, caminhei até o outro lado do quarto, Pedro já não estava respirando, jogado no chão ao lado de uma poça de sangue. Encostei-me à parede em busca de apoio, em vão, minhas forças se foram de tal maneira que escorreguei pela parede até sentar no chão com meus olhos vidrados em Pedro.