segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Whiskey Lullaby


Há meses o cheiro de álcool era perceptível em seu hálito, então aquele dia ela sentou no tapete da sala, com sua companheira diária, uma nova garrafa de Jack. E finalmente, naquele dia frio e nublado, que parecia um dia qualquer, ela conseguiu o que tentava por tanto tempo, afogou aquelas tristes memórias que a assombravam.

As tristes memórias da caminhada para casa mais difícil de toda sua vida, de como cada gota de chuva fervia em sua pele, de como ela se sentiu ao conseguir se levantar e sair daquele beco escuro e assombrado. Agora já não lembrava mais de como aquele dia era para ser só mais um em sua vida e de como, em um piscar de olhos, se transformou em seu pior pesadelo. Nunca mais lembraria de como sentiu sua espinha congelar ao perceber que estava sendo seguida por aquele cara inconveniente que tinha tentado beijá-la no bar, de como tinha buscado forças no fundo de sua alma para conseguir tirá-lo de cima dela e de como foi difícil chegar em casa com o vestido rasgado e os braços e pernas cobertos por machucados. E esquecera de uma vez por todas o que sentiu quando abriu a porta de casa, sentou no chão e chorou até sentir o abraço desesperado de seu namorado.


Seus pais a encontraram fria e pálida ao lado de uma garrafa vazia, deitada sobre o tapete da sala.

Um comentário:

Ricardo Elias disse...

isso é inspirado naquela música?